Na última sexta-feira fui à exposição de Monet, no MASP. Para além das belíssimas pinturas e das pinceladas características do artista, o que mais me impressionou foram as histórias e curiosidades sobre sua vida. E como elas influenciaram diretamente sua obra.
Primeiro, gente como a gente, Monet chegava a pintar a mesma cena mais de cem vezes até chegar ao resultado que queria. Uma busca incansável pela perfeição. Quem nunca se viu refazendo uma apresentação, um relatório ou até um e-mail, na tentativa de encontrar “a versão certa”?
Depois, sua paixão pelos jardins. Monet não se contentava apenas em admirá-los ou registrá-los em suas telas — ele literalmente os construiu. Em sua casa em Giverny, chegou a desviar parte do curso de um rio para criar seu próprio lago, onde cultivava as ninféias que se tornaram tema de suas obras mais famosas. Aprendeu a moldar a natureza e transformou sua paixão em arte.
E o mais curioso: no início da carreira, Monet pintava fábricas, portos e estações de trem (símbolos da vida moderna, do progresso e do movimento). Só décadas depois se dedicou exclusivamente aos jardins, até perder gradativamente sua visão.
Existe algo de inspirador nesse percurso todo. Particularmente, na minha mais absoluta insignificância, me identifiquei com alguns de seus percalços em vários momentos. O peso de buscar a perfeição incessante, a vontade maluca de simplesmente sair do meio da cidade e viver dentro do seu próprio jardim, e a urgência de registrar tudo de mais belo que posso enxergar, antes de isso escapar de mim.
Evidentemente não vamos todos conseguir trabalhar essas questões com a maestria do artista, mas talvez sirva de inspiração e economize algumas sessões de terapia.











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