Texto: Mariana Ciscato (@mariciscato).
Dia desses senti uma saudade muito grande da minha avó Luci – ou Bilu, para nossa família. Comecei a me lembrar de coisas que nos conectavam e me lembrei de uma novela que assistíamos juntas. Uma novela de época, que passou em 2005, mas que por algum motivo eu me lembrava de várias cenas.
Pois bem, assinei o Globoplay e comecei uma maratona. Conforme avançava nos capítulos ia me lembrando de alguns personagens que tiravam verdadeiras gargalhadas dela e, consequentemente, minhas também. Mas, para além disso, algo me chamou atenção: os ditados, escolhido pelos roteiristas. E o curioso é que, na novela, os ditados funcionavam. Entravam na conversa amarrando a cena sem esforço. Davam ritmo, sentido, até um certo charme às situações mais comuns.
Não me entenda mal, não quero cair nessa ilusão conservadora de que os velhos tempos eram melhores – a novela é cheia de estereótipos e comportamentos que hoje seriam facilmente cancelados. Mas é interessante como a construção das coisas se dá. E passando por cima dessa primeira camada, podemos perceber as expressões e ditos populares, que eram extremamente comuns na minha infância, usados pela minha vó mesmo.
Ditados como “de grão em grão, a galinha enche o papo”; “quem não arrisca, não petisca” e “quem não tem cabeça, tem perna”, são patrimônios culturais transmitidos oralmente de geração em geração, carregando um tanto de sabedoria, cultura e identidade.
Vira e mexe durante alguma atividade vem uma voz não sei de onde alertando: pimenta nos olhos dos outros é refresco. Ou quando ouço alguém dizer que saco vazio não para em pé, me lembro imediatamente da minha vó na cozinha preparando almoço para um batalhão de gente. E quando estou meio borocoxô me lembro do preferido dela: quem canta seus males espanta. Então peço uma música para a Alexa e canto.











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