Texto: Felipe Gonçalves (eufelipegoncalves)
É curioso observar como as interações sociais têm mudado. Tenho pensado bastante sobre isso e é evidente que, com a consolidação das redes sociais, a privacidade praticamente deixou de existir. Mesmo quem não está online acaba exposto a esse comportamento invasivo que as pessoas reproduzem no dia a dia.
Nos acostumamos a acompanhar cada passo dos vizinhos virtuais e, quando alguém não tem presença digital, logo surge a curiosidade. E, paradoxalmente, quem não se expõe acaba virando ainda mais alvo de especulação, de fofoca, de achismos.
Será que desaprendemos a respeitar a privacidade alheia? Será que deixamos de compreender a discrição?
Que o brasileiro é efusivo e, muitas vezes, indiscreto, não é novidade. Mas, morando fora do Brasil, percebo como esse traço está enraizado e até normalizado na nossa cultura. Parece que assumimos ter intimidade com todos ao redor e, por isso, nos sentimos no direito de perguntar sobre tudo. O resultado? Perguntas indelicadas, invasivas e, muitas vezes, constrangedoras.
Quem nunca passou por isso ou até mesmo reproduziu sem perceber? Faz parte do nosso convívio, mas não precisa ser regra. Alguns hábitos merecem ser repensados.
Falta-nos o chamado tato social: sentir o espaço do outro, respeitar seus limites, compreender que nem sempre há desejo de compartilhar planos ou intimidades. Se a pessoa não disse, não há por que arrancar à força. O corpo fala, as reações dizem muito, basta aprender a ouvir e enxergar (que é diferente de ver).
No fim, é simples: conexões reais se constroem com tempo, não com intromissão. E talvez seja hora de recuperar esse cuidado perdido. Ou ainda entender que nem todo mundo quer dar corda para fofoqueiro. O problema de todo esperto é achar que todo mundo é cego.









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