Texto: Elias Cavalcante (eliacavalcante).
Vinde todos ao bar nessa tarde ensolarada onde os passarinhos cantam em liberdade e o vento é leve. Vamos pintar o balcão de alegria e cerveja; e não se preocupem com o fígado, pois, vos digo, ele também de nada serve quando chega a hora do adeus.
Vamos brindar à derrota do mal, embora tardia, e anotar no calendário que a crueldade não virou costume, tudo isso sem pressa, diante do chope mais gelado do boteco. Vamos comemorar, porque só assim não esqueceremos.
Vinde todos, urgente, como se fosse a última coisa a fazer nessa terra tão atordoada. Tragam mulheres, filhos, amantes, cachorros, papagaios e até vossos inimigos; a eles daremos pinga barata e contaremos nossos piores defeitos para que tenham argumentos de sobra para continuar nos odiando.
As mesas já nos esperam, os copos já nos esperam. O piso grudento do boteco hoje está macio e acolhedor, pronto para os pés e corações devastados. Todos são bem-vindos, desde que acreditem que a vida ainda vale a pena e que o Brasil não se curva a ninguém.
Essa tarde durará para sempre. Os países vizinhos, os jornais, o congresso, os Estados Unidos e até os que dizem “eu não bebo” irão se perguntar: por que tanta gente se amontoou no boteco hoje?
E nós responderemos, erguendo o copo de cerveja: porque a Justiça, meus caros, pode até demorar, mas quando chega, não é sentença, é festa.











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