Foram os italianos que nos deram a pizza, o café espresso, a Vespa, o guarda-chuva que abre sozinho, o neorrealismo e a Natalia Ginzburg. São contribuições tão grandes para o mundo que, se fosse um campeonato, eles já poderiam ter saído de campo aos 30 do segundo tempo, sob aplausos, com o técnico dizendo: “Basta, ragazzi, vocês já fizeram muito.”
Mas não. Em algum momento da história, um romano filho da P. levantou a mão e disse: “E se a gente comprasse uma companhia elétrica em São Paulo?” E aí alguém respondeu “ma che bellissima idea!”, e pronto: nasceu a ENEL, a única invenção capaz de fazer o brasileiro sentir saudade da Eletropaulo. Da Eletropaulo! Aquela que a gente xingava, mas que pelo menos tinha Paulo no nome. E Paulo é uma figura boa. Passa confiança.
Desde 2018, quando os italianos botaram as mãos na nossa energia, São Paulo vive num regime que oscila entre Mad Max e novela das nove: árvores caem, postes voam, bairros inteiros passam três dias no escuro. E a ENEL? A ENEL manda SMS dizendo que está “finalizando reparos”. Aparentemente, “finalizando” é uma fase espiritual, tipo luto. Pode durar horas, dias, semanas. Depende da fé.
Não bastasse isso, os caras conseguiram um feito raro: unir a população inteira contra eles. Paulistas de esquerda, de direita, do centrão, veganos, carnívoros, crentes, ateus, moradores de Moema e de Guaianases: todo mundo irmanado na certeza de que a ENEL é a pior empresa do planeta Terra.
Por tudo isso, fica aqui a minha sugestão modesta: já que está em discussão essa PL anti-facção lá no Congresso, bem que alguém podia acrescentar um parágrafo discreto: “Caracteriza-se como facção criminosa qualquer companhia estrangeira capaz de deixar meia cidade sem luz por três dias consecutivos, especialmente se for italiana e atender pelo nome de ENEL.”
No mais, queridos italianos: levem a ENEL de volta e nos deixem apenas com a pizza, o café espresso, a Vespa, o guarda-chuva que abre sozinho, o neorrealismo e a Natalia Ginzburg.











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